23/01/2010

ENDEREÇO INEXISTENTE

Estou de volta, mas não da Argentina; ora, da Argentina eu já voltei faz tempo. Estou de volta à internet. A este blogue.

Ano passado, uma série de ocupações impediu-me de postar. Resolvi que a minha recente descoberta - a escrita de um blogue - podia esperar. Afinal de contas, eu andava financeiramente prejudicado. Na bosta, para ser exato.

Em julho de 2009, na minha última semana com Pilar, a instrutora de Língua Espanhola, eu já sofria por antecipação. No Brasil, em Terracota, meus pais aguardavam um filho bilíngue, com algo a mais no currículo Lattes e finalmente preparado para começar a pagar o investimento que eles tinham feito desde o jardim da infância.

Na véspera da partida, eu, Pilar e os outros alunos visitamos uma casa de tango e, pela terceira e última vez, encontrei Manolito. Ele se desculpou. Disse que me compensaria o prejuízo: se a garota de quinze dias atrás nem chegava perto da Keyra Agustina, o novo esquema era forte! Com a TagRobot Company eu não só reembolsaria os meus velhos (pelo menos a grana gasta naquele curso), como sustentaria, durante algum tempo, a minha própria vida, ou melhor, aquele apego mesquinho, sadomasoquista e vagabundo por Terracota.

Na primeira semana do curso, direto de uma lan house nas redondezas da Plaza de Mayo, cheguei a postar um texto a respeito da minha odisséia portenha, E-mail Número 1, o primeiro dos oito endereçados ao Tio Louco Do Amarcord, o meu parceiro no Estátua de Sal. As outras sete mensagens são impublicáveis.

Depois disso, interessei-me bastante pelas lições de língua.

Pilar, mesmo que platonicamente, salvou-me da abstinência num país estrangeiro. Gracias a ela, o meu horizonte artificial na Bacia do Prata, recuperei-me. Gracias àquele avião completo que, toda tarde, cabia e pousava dentro do box de um banheiro de hotel, reconciliei-me com o mundo. Reconciliei-me comigo mesmo depois do caso da Keyra falsa e do sumiço do malandro argentino, Manolo, o Vadinho da Bombonera. Em resumo: eu mergulhei nas lições. Aprendi a pedir frango assado fluentemente. Tranquilizei-me com uma idéia fixa na cabeça e um simulador de vôo nas mãos, tornando-me zen no final de alguns dias; tão zen a ponto de tolerar um repentino reencontro com Manolito numa casa de tango e milonga.

Tive uma grande surpresa.

Ele não só me apresentou à empresa TagRobot Company como transmitiu excelentes referências minhas aos RH. Tornei-me, automaticamente, funcionário de uma das maiores produtoras de conteúdo para a rede mundial de computadores. No Brasil, o trabalho me absorveu. O novo emprego acabou rendendo algum dinheiro e, apesar de misterioso e suspeito, arrancou sorrisos discretos em casa.

Profundamente indeciso em relação à sobrevivência do blogue, desapareci daqui. OK: para não dizer que me afastei completamente, abri um espaço e publiquei o texto de um amigo, André Ferrer, a quem, a propósito, agradeço. E mais nada.

Eu estava ocupado. A produção de textos para a TagRobot Company pede pesquisa e dedicação. Para cumprir a demanda, eu queria dar tudo de mim.

Depois de alguns meses, contudo, encontrei um texto difamatório na rede, com a ajuda do meu amigo de happy hour, Tio Louco Do Amarcord, o mais novo e anacrônico geek do pedaço (que viu o texto primeiro). Sendo assim, para me retratar, estou de volta.

A TagRobot não planta publicidade subliminar na Wikipédia. Isto é uma calúnia. O link a seguir (que agora não leva a lugar nenhum), http://eucreioembarbapapas.com.br/opiniao.php, abria um ataque à minha pessoa e à empresa para a qual eu trabalho. Segundo o texto, eu e os outros funcionários da TagRobot somos “terroristas da Nova Era”. Com os nossos verbetes, promovemos “uma invasão silenciosa das pessoas pelo desejo de ter em detrimento da característica natural e cristã de simplesmente ser”. Uma calúnia.

Roger Guilherme Torremolinos não é o “Bin Laden do Common Sense”. Nós da TagRobot Company não apontamos “as grandes asas abastecidas de combustível para as trigêmeas WWW”. Nossa MISSÂO é promover o conhecimento amplo e irrestrito na rede. Somos, na verdade, os Gideões Internacionais da internet; com a diferença, é claro, de que, no lugar de miniaturas do Novo Testamento, nós distribuímos cultura, ciência e informação genuinamente libertadora. Somos iluministas. Neo-iluministas, quem sabe... O futuro nos rotulará.

Finalmente, eu gostaria de reiterar sobre a nossa independência em relação a outras empresas no que se refere ao trabalho mais importante da TagRobot Company.

Livres de qualquer estratégia de marketing (explícita ou implícita), atuando com isenção e imparcialidade, nós publicamos e aperfeiçoamos uma quantidade enorme de verbetes na Wikipédia todos os meses. Como um exército mundial de redatores, nós ajudamos o seu criador a realizar o sonho de construir coletivamente a maior enciclopédia do mundo.

Homens desocupados, pessoas invejosas, crédulos em Barbapapas, enfim, caluniadores à solta: cuidado! Eu estou de volta.

4 comentários:

  1. Que bom que você voltou! Precisa explicar uma coisa: TagRobot o quê?

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  2. ainda bem que voltou, quanto aos calúniadores, realmente, existem, mas são parasitas, não sobrevivem por si próprio. nada muito sério.
    continue escrevendo.

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  3. Seja bem-vindo de volta! Assim como o André Ferrer: o que é TagRobot?

    Já estou te seguindo. Não some, tá?
    Abraços

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  4. A TagRobot Company produz conteúdo para a internet. Eu trabalho na divisão de verbetes. Escrevo, reviso e aperfeiçoo verbetes, especialmente para a Wikpédia. O fato é que estão acusando a Tag de plantar publicidade de modo sutil em todos os conteúdos que produz. Mais uma lenda urbana minha gente!

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