03/06/2010

A GRANDE QUESTÃO DA COPA

por RG Torremolinos - De quatro em quatro anos, o mesmo dilema: ficar bem longe do Estátua De Sal ou, pelo menos, aparecer no meu bar predileto nos dias em que o Brasil não joga.

Reputo a maior estupidez do universo assistir a uma partida da Seleção naquele antro masculino. Para a gente que, de algum modo, alcançou certo grau de instrução constitui um verdadeiro martírio. Refiro-me a mim e aos meus leitores quando digo “a gente”.

A Copa está muito longe de ser uma “grande questão” para muita gente. O senso comum diz que não. As empresas de todos os ramos fazem de tudo para inserir futebol e patriotismo sintético nas veias do consumidor que acaba de descobrir o tal do cartão de crédito. A classe média recém-coroada fica mansa e acredita. Segundo um post de André Ferrer, “nunca se vendeu tantos televisores LCD na curta história dos televisores LCD”. Uma lástima.

Quando tudo começar, vou beber em casa. Digo para o Tio Louco do Amarcord que peguei dengue. A melhor desculpa que se pode dar em Terracota, criadouro respeitável do mosquito Aedes.

Vou ficar em casa para não complicar o mundial africano. Copa do Mundo só tem graça porque, a meu ver, a gente pode relaxar e colocar a culpa em alguém se o Brasil perder. Copa do Mundo, para mim, é uma coisa bem simples. É como lançar uma moeda. É ter certeza de que uma das faces da moeda lançada vai se voltar para cima.

“Onde está a graça?!”

Tio Louco do Amarcord é lento demais. É por isso que me recuso a frequentar o Estátua enquanto a bola estiver rolando na África do Sul.

Graça?! Ora, tem-se, num primeiro momento, a moeda na mão, o devir; ora, tem-se duas únicas e emocionantes possibilidades! Quanta emoção! Mas o melhor de tudo está por vir num segundo momento quando se tem a decisão: cara ou coroa, ganhar ou perder, o técnico é burro ou o técnico é gênio. Fim de papo.

Este ano, chegou a vez do Dunga. O técnico é tudo. O resto é apêndice. Trata-se do mais novo burro com torcida organizada para que vire gênio depois de algumas semanas. O resto é adereço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário